10 de mar. de 2010

O Andarilho Sombrio

Este pequeno conto de capítulo único foi feito para um concurso no site voltado a fictions de nome Nyah, mas resolvi postá-lo aqui também.


Ele se passa em Aryan, o cenário de Alberich. Portanto, teremos uma palhinha dele aqui, assim como Kaylard na visão de um personagem, não do narrador.




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Yunridiel era um pequeno vilarejo no extremo norte do continente Märrokatsuo. Suas ruas, em pelo menos um terço do ano, sempre estavam encobertas por uma fina camada de gelo ou neve. Os altos-elfos há muito não apareciam na região, mas suas relíquias ancestrais podiam ser vistas espalhadas entre as casas dos habitantes, que tinham um enorme medo de removê-las, toca-las ou, até mesmo, olhar diretamente para elas.

As casas, em sua maioria de madeira, eram construídas sobre alicerces fortificados para resistirem as comuns tempestades que ocorriam no local. As plantações ricas em tubérculos permeavam os locais mais afastados dos aglomerados de residências.

No final da rua tida como principal, a única que era pavimentada com pedras rusticas e de formatos irregulares, havia uma singela taberna. O estabelecimento era simples e aconchegante. Por fora, as pequenas janelas refletiam a luz que a gadda maior¹ emanava em seu resplendor. A porta dupla estava apenas encostada, convidando quem quisesse uma noite calma de bebedeira à entrar.


1. Gadda maior – É o nome dado a maior “lua” de Aryan. No total são três: gadda maior, gadda menor e gadda vermelha. Muito raramente elas são vistas juntas, mas geralmente aparecem em par. Neste caso, apenas a gadda maior podia ser vista em Yunridiel.

- 2 -

Jakson, um sujeito pacato, só queria duas coisas na vida: beber todas as noites após um dia de trabalho e saber tudo o que acontecia no mundo a fora sem ter que deixar seu pequeno recanto chamado Yunridiel. Suas características mais marcantes na aparência eram a marca de nascimento do lado direito da testa e sua barba que estava sempre por fazer, embora ele cuidasse para que ela não ficasse longa demais.

O rapaz – já não tão rapaz assim –  passou a mão nos cabelos loiros e desalinhados enquanto pedia, para o dono do bar, mais uma garrafa de cerveja.

O taberneiro era muito alto e de idade já um pouco avançada. Durante a vida toda ele viverá apenas para negociar e cuidar de seu bar. Nunca tivera interesse em se casar e ter filhos, mesmo que, quando jovem, seus olhos verdes atraiam a atenção de muitas mulheres. Enquanto ele atendia ao pedido que acabara de receber, Jakson passou seu olhar novamente pelo ambiente.

O local era pouco iluminado, contando apenas com duas lamparinas em lados opostos para a iluminação, além da que havia atrás do balcão. Diversas mesas e cadeiras estavam espalhadas na mais total desordem e o ambiente estava quase vazio, uma vez que as pessoas preferiam se esconder do frio da noite que sair para beber.

Assim que Modson – o dono da taberna – entregou-lhe a bebida em uma garrafa, ele encheu o copo e levou-o a boca. No entanto, antes que pudesse beber, um vento muito gelado fez com que sua pele se arrepiasse e o obrigou a se encolher para tentar proteger-se do frio.

Imediatamente, em toda a sua curiosidade, Jakson virou-se em direção a entrada para ver quem havia acabado de chegar. Foi um espanto ver que o recém chegado não era alguém da vila e, sim, algum viajante.

Diversas coisas passaram pela cabeça do fazendeiro, entre elas porque alguém viajaria durante a noite naquele frio que penetrava até mesmo os ossos. Porém, o que mais lhe interessava era puxar assunto com aquele rapaz que acabara de entrar e tentar descobrir algo sobre o que acontecia na capital ou, até mesmo, mais para o centro do continente.

Antes de se levantar, porém, observou muito bem o forasteiro e comparou as roupas que ele trajava com as suas próprias. Não foi possível ver muita coisa, já que ele envolvia-se com a própria capa, mas percebeu, pelo volume encoberto por esta, que ele usava algo não muito pesado. Se, vestindo uma jaqueta de pele de urso ainda com os pelos e uma calça de algodão cru espessa, ele passava frio, imaginou como o viajante devia estar se sentindo.

A seguir, seus olhos desceram em direção ao chão, onde ele pode ver as pesadas botas de couro negro, assim como a bainha capa. No entanto, o recém chegado andava com leveza e se estabeleceu, silenciosamente, em uma mesa no canto do bar.

De maneira lenta e cautelosa, Jakson levantou-se de onde estava sentado e dirigiu-se até onde o forasteiro havia se alojado. Levou consigo a garrafa de cerveja. Assim que chegou próximo ao seu objetivo, finalmente fez algo de que gostava muito: falar.

– Olá, amigo, será que eu posso me sentar aqui e saber algumas das novidades do mundo fora dessas terras geladas? Sabe, nós não vemos muitos forasteiros por esses lados. –     Timidez não era um adjetivo que poderia descrever Jakson.

O recém chegado, porém, limitou-se a encará-lo de maneira fria. O fazendeiro, no entanto, ignorou tal ato e sentou-se assim mesmo; sua curiosidade era maior do que qualquer indisposição que poderia acometer o rapaz que havia entrado no estabelecimento há pouco.

– Antes de mais nada, eu sou Jakson, um fazendeiro de batatas desta cidadezinha no meio do nada. Ela é pequena, mas, mesmo assim, não gostaria de deixá-la por nada neste mundo. Qual o seu nome? E como é viajar pelo mundo a fora? Imagino que você viaje muito.

– Então a tempestade de perguntas começaram, não é, Jakson? Deixe o rapaz em paz desta vez. Você sempre faz isso com todos os que chegam – Modson havia interrompido os questionamentos. Em seguida, virou sua face em direção ao recém chegado. – Gostaria de beber alguma coisa?

Vannië².

– O que? – O dono do bar não entendeu a palavra.

– Vinho, quero vinho – a resposta foi seca. – Pode trazer uma garrafa de seu melhor vinho.

Apesar de não ter gostado da grosseria, um cliente era um cliente e Modson não se recusaria a atendê-lo. Sendo assim, voltou-se para a direção do balcão e foi buscar o que o rapaz havia solicitado.

– Então você gosta de vinho? Por acaso não seria algum tipo de nobre? Seria? – Ele fez uma pausa. – Você tem que ser mais sociável. Não pode chegar em uma taberna e ficar sentado num canto e calado.

Assim que o vinho chegou, o viajante afastou a capa que cobria seu corpo para poder pegar o copo e se servir. Após ele executar tal ação, o cabo negro de uma espada embainhada e presa a sua cintura ficou à mostra. Foi, então, que Jakson pôde reparar, apesar do capuz que cobria a cabeça do recém chegado, que o cabelo, assim como todas as suas vestimentas, eram negras. Unindo isso a pele extremamente clara e a agressividade no olhar, de repente, aquele sujeito pareceu-lhe alguém muito perigoso.

Decidiu se afastar.

– Que foi, Jakson? Desistiu de ser ignorado? – Um outro homem se dirigiu a ele em um tom de deboche.

– Vê se não enche, Darison! – Respondeu de forma áspera.


2. Vannië – Vinho no idioma original. Em Aryan existe um idioma utilizado pelas raças mais antigas, inclusive pelos elfos.

- 3 -

Os dias se passaram sem que o fazendeiro visse novamente o misterioso visitante da vila. Sua rotina continuou a mesma: acordar cedo, cuidar de suas ovelhas, preparar o campo para o próximo plantio e, para finalizar, ir a taberna de Modson para beber e ver se conseguia novidades sobre o mundo exterior as montanhas geladas e protetoras.

Naquele dia, porém, enquanto ele caminhava em direção ao bar imaginando se o dia seguinte estaria bom para caçar, uma cena inusitada o surpreendeu.

Narin, um velho julgado como excêntrico pela população de Yunridiel, passou correndo por ele, desesperado, tal como os criminosos políticos fogem dos cavaleiros do imperador, chamados de Arkon Bürier.

Os cabelos extremamente brancos estavam encobertos por aquela capa de chuva marrom, que o ancião não deixava de lado nem por um decreto. As roupas velhas e gastas farfalhavam com seu movimento enquanto ele virava a cabeça para trás na intenção de avistar seu perseguidor.

Poucos metros depois de ter passado por Jakson, o homem parou e virou-se para a direção em que vinha. O fazendeiro chegou a assustar-se quando viu os olhos do sujeito se arregalarem e ele gritar:

– Me deixe em paz! Ela é minha! Não vai conseguir o que quer!

A seguir, Narin voltou a correr e saiu da rua principal, dirigindo-se, então, por uma estreita estrada de terra, onde sumiu do campo de visão de Jakson. Recuperado do choque ao ver algo tão inusitado, ele chegou a conclusão de que aquele seria apenas mais um ataque de maluquice do velho e seguiu seu caminho.

Pouco antes de chegar a taberna, porém, avistou o forasteiro vindo em sua direção; o rapaz vinha da direção oposta e havia circulado o bar. Por um segundo, Jakson pensou que ele fosse entrar, mas surpreendeu-se ao perceber que o objetivo do sujeito era outro: ele queria lhe dizer algo.

O viajante estava com os cabelos negros e rebeldes a mostra desta vez, pois sua cabeça não mais estava encoberta pelo capuz, embora ele ainda estivesse envolvido na capa preta para proteger-se do frio intenso. A expressão séria e os olhos com pupilas levemente elípticas, que o fazendeiro não havia reparado em outrora,  fez com que ele se sentisse acuado.

– Jakson, não é? – Espantosamente, o mal humorado forasteiro puxou conversa com ele. – Acho que não te tratei bem no outro dia, eu estava aborrecido na ocasião.

Por um instante, o espanto tomou conta das expressões faciais do fazendeiro, que levou algum tempo para perceber que sua boca estava entre aberta. Só percebeu realmente que o assunto era com ele quando o sujeito voltou a falar:

– Sou Kaylard, e venho das terras do sul. Para me redimir gostaria de lhe pagar uma bebida – ele disse, com certa polidez.

Jakson ainda sentia um pouco de medo daquele homem, no entanto, a curiosidade falou mais alto e ele viu a oportunidade de conversar sobre algumas coisas interessantes, talvez, até mesmo sobre o império. Aceitou a proposta.

A dupla entrou na taberna de Modson e se dirigiu a uma mesa isolada, ao canto esquerdo em relação a entrada do local. Pelo fato da noite estar uns dois ou três graus menos fria que a primeira que o forasteiro esteve ali, o número de pessoas presentes era o dobro que o daquela ocasião. Para ele isso não era agradável, mas iria tolerar.

O taberneiro atendeu a dupla quase que imediatamente. Apesar de achar um pouco estranho ver os dois juntos, não mencionou ao fato e simplesmente fez nota mental dos pedidos: vinho para o viajante e cerveja para o fazendeiro.

Jakson não perdeu tempo com suas indagações:

– Você disse que veio do sul, não é? De onde exatamente? Estou curioso para saber.

– Não venho de lugar nenhum.

O questionamento ficou sem resposta. Era impossível ele ter vindo de lugar nenhum, isso queria dizer que o forasteiro não falaria sobre si mesmo. Assim que as bebidas foram servidas, ele fez uma nova pergunta, desta vez, em outro assunto.

– Já esteve em Ceroth? É nesse continente onde fica o castelo do imperador Lothen Lorën, não é? Gostaria de ver um elfo-rubro algum dia, dizem que eles são realmente poderosos.

– Já estive lá. Mas isso faz muito tempo – respondeu de madeira simples e menos rude que conseguiu.

– E o que o império faz por lá? Ouvi boatos que os Arton tinham expulsado todos os altos-elfos de Ceroth, é verdade?

Arkon. O nome correto é Arkon – respondeu pouco antes de tomar um gole do vinho diretamente pelo gargalo.

Infelizmente para Jakson, suas perguntas não estavam sendo respondidas. Ele iria fazer mais uma, mas Kaylard fora mais rápido desta vez.

– Me diga uma coisa, Jakson, quem é aquele velho que chamam de Narin? E por que ele vive sempre com aquela capa de chuva nas costas?

Ao contrario do sombrio forasteiro, o fazendeiro respondeu a pergunta de maneira mais que satisfatória.:

– Ah! Aquele velho é louco. Ele vive perambulando a vila sem saber o que fazer e falando coisas sem sentido. Ele apenas não esta morto de fome ou de frio porque as pessoas ficam com pena e o alimentam e vestem. Sobre aquela capa velha suja e fedida, bem, ele jura que foi presente dos deuses. Francamente... como se os deuses...

– Presente dos deuses? Desde quando ele a possui? – Kaylard o interrompeu.

– Não sei ao certo. Há umas duas colheitas atrás, eu imagino. Ele apareceu com ela de repente e, desde então, ficou ainda mais louco. Ele morre de medo de perdê-la ou de ser roubado.

– Dois anos? Ele já fez algo estranho com ela?

Jakson estava pensando em como aquela conversa tinha tomado um rumo diferente do que ele gostaria que fosse. Mesmo assim, gostava muito de conversar e continuou a responder:

– Eu nunca vi nada, mas tem gente que jura que viu o velho brilhar quase tão forte quanto o sol. Eu acho que essas pessoas pegaram um pouco da loucura para elas mesmas.

Enquanto o fazendeiro ria de sua própria piada – que não tinha graça alguma – o viajante levantou-se da mesa, tomou o restante de seu vinho em apenas um gole, dirigiu-se até o balcão, onde deixou duas moedas de prata e saiu do estabelecimento.

Jakson ficou certamente frustrado com aquilo e até perdera a vontade de beber. Mesmo assim, ele estava determinado e não desistiria. Iria arrancar alguma novidade do forasteiro, ele possuindo uma arma ou não.


- 4 -

Na noite do dia seguinte ao ocorrido na taberna, o comum fazendeiro veria a cena mais impressionante que teria a oportunidade de presenciar em toda a sua vida.

Era noite e e a gadda vermelha começava a alcançar a gadda maior em sua orbita. Jakson não gostava muito da iluminação levemente rubra dela, mas, como tinha sua irmã maior para acompanha-la, o brilho do “luar” permanecia prateado.

Enquanto caminhava em direção a mais uma noite na taberna de Modson, ele percebeu que, atrás da mesma, alguma coisa dispensava um brilho muito intenso. Curioso como era, não hesitou e dar a volta no bar e seguia a direção de onde a via.

O caminho após a rua principal e pavimentada era uma pequena e estreita trilha encoberta em capim e com alguma fraca vegetação. As casas já começavam a rarear e era ali que ficava concentrada a maior parte das relíquias dos altos-elfos.

Ele caminhou durante alguns minutos enquanto a luz tornava-se cada vez mais forte a ponto de iluminar seu caminho com precisão. Logo viu o que acontecia no local: a capa de chuva que o velho excêntrico Narin sempre usava era o objeto que emitia aquele brilho intenso.

O queixo de Jakson caiu assim que ele percebeu o que realmente acontecia ali. A capa, além de emitir aquela intensa luz, flutuava no ar. Vestindo-a estava o velho e ele também flutuava e brilhava, de maneira mais tênue, junto a ela. Eles deviam estar a mais de cinco metros do chão o que deveria ser impossível.

– Afaste-se, maldito! Eu possuo o poder dos deuses e nada me tomara ele – Narin gritou com uma voz que não era dele. Ela era muito mais grossa e austera.

Com medo do que poderia vir a acontecer, o fazendeiro encolheu-se atrás de uma estatua elfica de tamanho considerável e feita de mármore. Porém, sua curiosidade não deixou que ele saísse do local, queria ver com quem o velho falara e o que aconteceria a seguir.

Ele viu. E o que viu o deixou quase tão espantado como a primeira cena: Kaylard, o forasteiro, caminhava de maneira lenta e cautelosa em direção a Narin.

– Não existem deuses, seu tolo! Isso pode ser um Alberich e pode destruí-lo. Entregue-o a mim e tenha mais alguns anos de sua inútil vida – disse de forma calma e controlada.

– NUNCA!

No momento em que Narin gritou, Jakson pode sentir a enorme energia que emanava dele. O vento começou a se agitar e açoitar a vegetação e poucas casas que existiam ali. Uma “lâmina” de ar chegou a fazer um pequeno corte em sua bochecha, mas, impressionado como estava, nem percebeu.

Viu quando a figura cada vez mais sombria de Kaylard levou a mão direita ao punho da espada e a desembainhou. Aquela arma era assustadora na visão do fazendeiro. Possuía uma lâmina completamente negra e, em toda sua extensão, runas desconhecidas começaram a brilhar de forma obscura na mesma tonalidade de toda a arma. Ele avançou e saltou.

Aquilo que o forasteiro fez foi julgado como humanamente impossível, mas Jakson já não sabia se ele era humano; se algum dos dois era humano. De qualquer maneira, ele crendo ou não, viu que Kaylard, o andarilho sombrio, como ficou conhecido mais tarde, saltou todos os cinco ou seis metros em direção a Narin, que intensificou ainda mais seu brilho intenso.

No momento seguinte ele não pôde ver muita coisa mais, pois estava muito ocupado tentando salvar sua própria vida. Algo que se parecia com fogo, mas era de uma cor esbranquiçada começou a ser emanada da capa de chuva do velho Narin. As chamas chocaram-se com a espada negra do forasteiro e começaram a se espalhar de maneira desmedida. Neste instante, tudo o que Jakson conseguiu fazer foi se esconder completamente atrás do monumento elfico às suas costas.

Ele viu e sentiu o calor, juntamente com o enorme terror que brotava de suas entranhas, quando o fogo branco passou dos dois lados de sua proteção. Apesar do frio da noite, ele começou a suar devido ao enorme calor que sentiu.

As casas mais próximas começaram a se incendiar, assim como a vegetação e algumas das relíquias dos altos-elfos. Sem pensar duas vezes, logo que as chamas se extinguiram, ele colocou-se em movimento. Correu, banhado pela luz das duas gaddas, por entre a trilha que já começava a mostrar sinais de dano pelo fogo.

Desesperado, entrou na taberna de Modson e iria relatar o que viu, mas isso não foi necessário, pois uma estrondosa explosão foi ouvida por todos os presentes, que saíram correndo para ver o que acontecera. Jakson sabia que ainda não havia acabado e que aquele não era mais um local seguro para se ficar.

Para o horror do fazendeiro e demais homens do bar, eles viram que toda a parte norte do pequeno vilarejo estava em chamas e o fogo se alastrava de maneira rápida e cruel, devorando tudo o que encontrasse pelo caminho.

Um caos geral começou a tomar conta da população de Yurindiel. Muitos simplesmente não sabiam como apagar aquele incêndio antes que ele chegassem em suas casas. Outros desesperavam-se ao ver que suas moradias já estavam ardendo em brasa.

Um estrondo e o vento tão poderoso quanto o de uma tempestade fez com que o desespero se tornasse ainda maior. Eles corriam para as suas casas enquanto outros saiam para as ruas e se aglomeravam próximo ao centro para pedir ajuda, mas a ajuda não viria, Yurindiel seria destruída e Jakson sabia disso. Então, ele tomou uma atitude que nunca iria esperar tomar.

– Vamos evacuar a vila! – Gritou com todas as forças que pôde.

O alvoroço tornou-se ainda maior. Muitos apoiavam a decisão e já tiravam o máximo de pertences que conseguiam de suas casas antes que o fogo as consumisse. Um outro estrondo e uma rajada de vento ainda maior fez com que o restante das pessoas indecisas tomasse a decisão que mudaria suas vidas para sempre: deixariam o vilarejo para trás e seguiriam para um local seguro.

Poucos minutos mais tarde, enquanto o mutirão ajudava uns aos outros a pegar tudo o que podiam carregar – o que não era muito –, um rastro poderoso de chamas esbranquiçadas destruiu um número incontável de casas do lado esquerdo da rua pavimentada da vila. O fogo logo tornava-se vermelho e devorava tudo de maneira muito veloz.

Quando Jakson viu que um vulto negro levantava-se em meio ao rastro de destruição, ele sabia que não havia mais tempo, se não saíssem de lá no exato momento, não sobraria qualquer cidadão de Yurindiel para contar a história.

– Vamos agora, pessoal! Corram pelas suas vidas!

Guiados por Jakson, todos os que conseguiram sobreviver – muito poucos, na verdade – correram o máximo que os pertences que carregavam permitia. Lagrimas, gritos de desespero e sangue acompanhavam os antigos moradores da pequena cidade que era consumida pelo fogo intenso.

Nos anos vindouros, todos seguiram seus caminhos enquanto choravam pelos entes queridos perdidos. Porém, para Jakson, a vida jamais seria a mesma. Ele nunca mais teria um lar, e, sim, viajaria por todo o continente de  Märrokatsuo enquanto contava sua história. A história da noite em que salvou metade da população da extinta Yurindiel do Andarilho Sombrio, um ser das trevas que caminhava por toda Aryan destruindo cidade após cidade.






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Aqui está o conto, espero que tenha sido do agrado de quem quer que tenha lido. Espero comentários com as opiniões e criticas.

Kamui Black

2 comentários:

  1. Rá.. vou ser a primeira chata!! hehehe

    Bom... A história é bem interessante. Só atente um pouquinho à gramática e alguns acentinhos pelo caminho.

    Apesar disso, achei que a história foi rica em detalhes e teve um desfecho muito rápido. E não consegui distinguir exatamente o que houve afinal com o velho e a capa, se o forasteiro os destruiu ou não.

    Mas é um conto bem interessante e diferente... ficou parecendo um episódio de seriado onde você precisa conhecer o antes (sobre Alberich e tudo mais) pra entender melhor, porém, que lhe permite entender o contexto da história. Pelo pouco mencionado, eu que não li Alberich, eles me parecem algum tipo de demônios ou forças desse tipo, ou me engano?

    Enfim, hoje foi a minha vez de ser chata! haha

    Grande Beijo

    Lilith.

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  2. Paaaa-channn \o/....o conto ta muuuuito bom, alguns errinhos de portuga, mas enfim nao eh disso que vim falar e sim que... A FIC TA DEMAISSSS!!!
    O/...e eu queria saber o que eh alberich e o que exatamente era a capa, como que o velhinho conseguiu-a e quem eh exatamente kaylard? Ele era bonzinho ou nao? @.@
    kisuss e parabens \o/

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