18 de abr. de 2010

Alberich: O Cavaleiro da Lâmina Negra - Capítulo 1 [2]

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Capítulo 1 - Deserto de Guriangh [Parte 2]

...


Apesar de relutante, o Arkon Bürier acabou cedendo ao cansaço e a segurança do local e adormeceu. Era um sono leve, do qual ele poderia acordar com o menor ruído. No entanto, foi suficiente para que ele sonhasse.


– 2 –


Ele estava em um local muito diferente do inóspito deserto. Era um campo cheio de vida. As árvores, extremamente altas, projetavam suas sombras em todo o local e uma vegetação rasteira estava sob seus pés descalços. Seu trajes também eram muito diferentes, sendo formados por uma bermuda de tecido grosso e esfarrapado na barra e uma camiseta de algodão com cordões do mesmo material para mantê-a fechada na parte que lhe cobria o tórax.

Uma criança aparentando ter, no máximo, sete anos de idade, corria em sua direção. A garota tinha os cabelos tão escuros quanto os do rapaz terminando em formas onduladas no meio de suas costas. As pupilas tinham o mesmo formato elíptico e os traços dos seus rostos não eram tão diferentes. Seu pequeno vestido de algodão na cor azul farfalhava enquanto ela corria.

Assim que se aproximou o suficiente, a pequena saltou de encontro ao Arkon Bürier que, em meio a um sorriso, a recebeu de braços abertos. A garotinha bagunçava os cabelos do rapaz enquanto emanava a felicidade daquele momento.


– 3 –


A cena do sonho mudou. Desta vez, o cenário não era tão feliz quanto o outro. A cidade onde ele estava era praticamente um amontoado de pedras e casas em ruínas. Sangue, corpos mutilados, armaduras retorcidas e despedaçadas permeavam o chão. Ele próprio vestia-se com uma armadura leve, que era formada basicamente por uma cota de malha e couro. Grevas, braçadeiras, ombreiras e uma capa azul a completavam enquanto uma espada embainhada pendia de sua cintura.


Ele virou-se para o lado e observou ao seu redor enquanto uma brisa suave agitava seus cabelos. Seus olhos se estreitaram ainda mais para combater os pequenos grãos de areia que tentavam invadi-los. De repente, em meio ao caos e tristeza, um sorriso curvou seus lábios.

O motivo para isso era a moça que se aproximava. A menina do sonho anterior havia crescido, seus cabelos permaneciam do mesmo comprimento e possuíam as mesmas ondulações. Sua pele era tão clara quanto outrora, mas, os traços de seu rosto estavam muito mais amadurecidos. Seus trajes eram extremamente semelhantes ao do rapaz, sendo apenas um pouco mais justos ao corpo para denotar suas curvas. Ela também sorria e caminhava em sua direção.

O Arkon Bürier estendeu sua mão direita para ela, que repetiu o gesto. Neste momento, porém, o mundo ao redor dos dois começou a desaparecer. Assustados, os dois olharam ao redor em um gesto inútil, que apenas contemplava o absoluto nada; o vazio. Suas roupas desapareceram junto com as outras coisas e, mesmo assim, eles mantiveram-se calmos em meio a escuridão.

O desespero apenas tomou conta do rapaz quando a moça também começou a desaparecer. Era como se ela estivesse sendo tragada pelas trevas. Ele, por sua vez, estava incapacitado de se mover, inerte, impotente enquanto via sua amada dando-lhe o último sorriso antes de desaparecer completamente.


– 4 –

Nem um pouco transtornado, o Arkon Bürier acordou após este sonho, que não diferia muito dos que tivera em diversas noites. Assim que abriu os olhos, percebeu que a garota que ele havia notado ao entrar no estabelecimento o observava enquanto mantinha o corpo levemente inclinado. Só então ele reparou melhor em alguns detalhes como os olhos castanhos e penetrantes, que faziam um belo conjunto com seus cabelos loiros e lisos. Seu vestido rosado não tinha mangas e seguia até pouco abaixo dos joelhos, possuindo um remendo ao lado esquerdo da cintura e deixando um pouco marcado os pequenos seios em desenvolvimento da garota. Em seu julgamento, quando ela crescesse, se tornaria muito bonita para uma humana.

– Olá, meu nome é Länna. Como você se chama? – Ela perguntou em um tom mais maduro do que o viajante poderia imaginar.

Ele não respondeu a pergunta, apenas deixou um sorriso debochado escapar de seus lábios. A garota percebeu o ato e fez uma careta em reprovação.

– Qual é a graça?

– O seu nome. Ele significa poder no idioma original.

Ela o encarou por um segundo e ficou ereta para, então, colocar ambas as mãos na cintura e levar uma das pernas mais a frente do corpo.

– Posso até parecer uma garotinha frágil, mas sou mais forte do que aparento.

A reação de Länna fez com que o Arkon Bürier deixasse uma risada quase silenciosa lhe escapar. Ela não sabia que aquele era um momento muito raro e acabou rindo junto com ele. Afinal, ela bem sabia que realmente era relativamente frágil e o nome “poder” não era uma definição para ela.

Assim que ela parou de rir, caminhou até o lado do rapaz e, sem receio ou aversão alguma, simplesmente sentou-se ao lado dele envolvendo os próprios joelhos com os braços. Ele limitou-se a seguir os movimentos da garota.

– Não me respondeu qual o seu nome.

Silêncio. Foi só isso o que obteve como resposta. Apesar disso, ela não parava de o fitar. Para o Arkon Bürier, era uma surpresa que esse ato não o incomodasse. Surpresa ainda maior era que ele, aparentemente, apreciara a presença da garota.

– Como é triste no idioma original?

Apesar de intrigado com a pergunta feita a ele, o viajante resolveu responder:

– Suss.

– Então, Suss, já que não quer me dizer seu nome é assim que vou lhe chamar.

– Por que? – O Arkon Bürier perguntou intrigado.

– Porque você me parece muito triste – ela respondeu de maneira simples.

A cada momento que passava ele se surpreendia um pouco mais com a garota ao seu lado. Já haviam lhe rotulado de diversos adjetivos, entre eles cruel, impiedoso ou intimidador. Porém, nunca alguém havia lhe dito que parecia triste, mesmo que isso pudesse ser o mais próximo da verdade do que ele próprio gostaria que fosse.

– Kaylard, este é o meu nome – resolveu responder.

– É um nome bonito. Mas ainda estou curiosa para saber o que você veio fazer aqui nesse deserto. Não me parece um comerciante ou algo do tipo.

O Arkon Bürier ficou em silêncio novamente. Seus motivos eram algo ainda mais difícil de se descobrir que seu nome. No entanto, a falta de som do ambiente não durou muito tempo, pois foi abruptamente interrompida:

– Länna, venha já aqui! – Ordenou, assim que despertou, a senhora sentada na cadeira ao canto do estabelecimento.

– Tenho que ir, a megera está me chamando. Gostei de conversar com você, apesar de não ter dito muita coisa – A garota sussurrou pouco antes de se levantar e seguir até onde a mulher estava.

Kaylard observou enquanto Länna corria para o lado da senhora que a havia chamado. Percebeu que os três homens do recinto haviam ficado atento a tudo o que acontecera, mas resolveu ignorar isto também. E, então, levantou-se de onde estava sentado e se dirigiu até a porta do estabelecimento.





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Demorei um pouco para postar a 2ª parte e provavelmente irei demorar para postar a 3ª também. O problema tem sido o tempo, acho que só terei um pouco dele para o projeto no segundo semestre.

Enfim, esta parte mostrou um pouco mais sobre Kaylard e deu uma pincelada na personagem Länna, espero que tenham gostado dela, pois é uma personagem pela qual tenho grande carinho e que terá uma grande importância para a história.

É possível que o texto contenha muitos erros, mas é porque revisei muito pouco. Num futuro distante passarei revisando tudo minuciosamente.

Kamui Black

Um comentário:

  1. Demorou mesmo, hein, mas tudo bem. Foi uma segunda parte pequena, porém com sua importância. De inicio, pensei que aquela menina que apareceu no sonho fosse, sei lá, a irmã dele, mas depois vi que irei. Mulher, namorada e seus derivados, não é? Estranho foi o que aconteceu com eles; e com ela. O_o Seria esse o motivo dele ser meio quietão e aparentar estar triste como disse a Länna? Falando nela, ela me pareceu ser legal; gostei já. 8D

    Bom, sem mais o que falar... então, até mais! 8D

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